sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dos amores que não tive, me resta a saudade


Depois de bastante tempo sem escrever por aqui, aos poucos vou voltando. Já estava com saudades do Word, das palavras, e do sentido disso tudo.

Com saudades também dos amores que não tive.
Saudades do jogo amistoso de conquista daquela pessoa que você julga difícil demais.
Da coragem do “oi” mesmo não tendo assunto para depois.
Do comentário sobre aquela música que você posta, e ela diz “nossa, esse som é demais...”
De conversar madrugadas afora e perceber que ela pensa como você, mas não em tudo.
Aliás, também sinto saudades das pequenas discussões amigáveis, onde um quer convencer o outro de que seu gosto ou opinião faz mais sentido.

Saudades de sentir.
Da ansiedade para o primeiro encontro.
Da bochecha avermelhada, do riso, do olhar, do primeiro beijo.
Da ansiedade pós primeiro encontro.
Sinto falta da falta de ar.

Da espera pela mensagem, do tom da voz a qualquer hora do dia ou da noite.
Saudades de não saber o que vem depois.
De não fazer sentido e continuar, ainda assim, querendo mais.
Sinto saudades da farsa de ser durão mesmo quando o coração já amoleceu.

De todas as saudades, a dos amores que não tive são as lembranças que me restam.
Para imaginar, aprender, sentir e, se um dia começar tudo de novo, matar essa saudade.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Estátuas à parte, dê minha pipoca e me deixe seguir em frente


Você já deve ter ouvido aquela expressão mais ou menos assim: “o milho que vira pipoca jamais volta a ser peruá”.

É uma frase bem aplicável e verdadeira, concorda? Faz-nos lembrar daquela - “a mente que se abre ao novo nunca volta ao seu tamanho original” – algo assim. Mas em raras ocasiões, é preciso descartá-las. Você também já deve ter conhecido pessoas que não aprendem com os erros, que insistem neles. Às vezes parece até de propósito, como uma provocação. Enfim, é difícil explicar quando a gente não consegue compreender por completo dadas situações.

Muitas vezes são essas pessoas que te escolhem para ser ouvinte de suas histórias. São elas que te pedem conselhos, são as mesmas que querem e precisam de uma mudança.

Acontece que aprender com o erro é reconhecer a necessidade de uma nova atitude. É estar preparado para a mudança. De nada adianta querer mudar se não está claro o porquê da mudança. E é aí que essas pessoas geralmente ficam paralisadas. Vide aquela outra expressão - “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”, ou ainda aquela mais famosa “se você continuar fazendo o que sempre faz, vai continuar obtendo o que sempre obteve”.

Frases, exemplos, conversas, conselhos, de tudo se tenta com esse tipo de gente. Não importa. Não adianta. Tem gente que precisa cair, se esfolar e levantar sozinha para ver se aprende. Pra uns até serve a lição, mas pra outros... não há merthiolate que cure o arranhão. Fazem igual aquela piada sem graça de português, que quando vê a banana em sua frente, pensa “oras, lá vou eu iscuregaire de novo”. 

Mas por que elas não conseguem andar pra frente!? Orgulho, medo, preguiça, teimosia, burrice... qualquer que seja o motivo, a essa altura você já sabe de cor as histórias e angústias dessas pessoas. O tanto que você ouviu foi o tanto que falou na tentativa de um chacoalhão. E uma hora cansa.

Piadinhas, frases de motivação, tentativas e diferenças à parte, esse tipo de gente irrita. Assim como o milho que não estoura, e vive para sempre milho.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O outro em mim


Não deixo de ser eu
mesmo que eu seja o outro
Sendo aquilo ou isso
Acabo sendo eu mesmo

Mas todo eu mesmo tem um pouco do outro
No outro, cabe decidir
Cabe ser o outro e o outro ainda
Sem que deixe der ser
O mesmo que antes
Que era parte de mim também

Entre tantos eus e outros
Acabo sem saber
Se sou, se estou,
Em mim, n’alguém
E sem saber quem sou
Sois todos e ninguém.

(Inspirado no poema O Outro, de Mário de Sá Carneiro, musicado por Adriana Calcanhotto)

terça-feira, 27 de março de 2012

A morte e o tempo

“O Além é um espaço-espelho da sociedade que o imagina. Espaço-reflexo perfeito (Paraíso) mas também invertido (Inferno). Pensar o mundo dos mortos era a melhor forma de melhorar o dos vivos, de torná-lo mais semelhante aos desejos de Deus”.

Monica acordou com uma sensação estranha naquela quinta ensolarada. O dia estava radiante, mas ela estava em cacos. Tivera um pesadelo, daqueles que parecem reais.

Descobriu mais tarde que a sensação estranha era um pressentimento: sua morte estava se aproximando. Sentiu-se uma plebeia em era medieval. Ficou pensando naquilo o dia todo, mal conseguiu realizar suas tarefas cotidianas. Ficou em casa, rabiscando um caderno velho. Anotou nomes de pessoas, lugares e objetos. Estava fazendo sua lista de últimos desejos e afazeres ainda neste plano.
“Fazer as pazes com minha irmã / Visitar mamãe no hospital e confessar-lhe... / Dizer ao Rhamon o quanto o amo / Dar um tapa servido na safada da vizinha / Gastar tudo com as comidas e roupas que eu mais gosto. . .”
A lista era um pouco grande. Era uma mulher ambiciosa. Planejou tudo para os próximos dias, mesmo com a sensação de que a morte poderia chegar antes de realizar todos os itens. E assim seguiram os seus dias.

Depois de um mês e meio, a lista já tinha sido preenchida e aquela sensação pareceu ir embora. Monica pensou que era a morte e se preparou pra ela. No fundo, estava preparando-se para a vida, e começou pelos seus maiores medos e desafios. Ao encarar sob outros olhos, fez tudo sem grandes dificuldades. 

No fim das contas, tirou uma conclusão: às vezes pensar a morte como um medieval é o jeito mais moderno de encarar a vida nos dias de hoje. Afinal, viver e morrer é uma questão de tempo. O mistério da morte é também o da vida. Talvez se tivéssemos mais respeito pela morte, saberíamos aproveitar melhor a vida. E vice-versa.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Loja de conveniência

Quase sete da matina e o sujeito abre a porta da lojinha. Bocejando, para em frente à prateleira de salgados, pega um amenteigado e parte para a gôndola de doces. Biscoito escolhido, a próxima parada é a geladeira. Dúvida: bebida que acompanha o salgado ou que acompanha o doce? E qual comer primeiro?

Roçou a cabeça com o dedo médio, lembrou do horário e pegou o suco que estava mais perto. Light. Pagou no débito e foi embora pra casa.

Você consegue imaginar a cena?

Agora imagine que a loja de conveniência é o nosso convívio social. 
Troque os produtos nas prateleiras por emoções, adereços e argumentos. Alimente-se de influência, carisma, interesse, ambição, boas práticas políticas (com muito açúcar, geralmente), e até um pouco de egoísmo. Pegue para beber gelado um pouco de humor, sorrisos de canto, paciência e até um pouquinho de indiferença.  

É assim carregamos nossas baterias para começar bem o dia, com ferramentas sociais que nos fazem levar o dia numa boa ou ficar zangado com o primeiro e-mail que aparece na tela.

Nosso convívio social é como nosso metabolismo. É só escolher bem os nutrientes em cada tipo de refeição que tudo funciona.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Uísque, vodca ou cerveja?

Essa era a pergunta que rolava entre três amigos que discutiam qual porre era o mais recomendado depois de uma desilusão amorosa.

O primeiro já tinha passado por duas delas, e dizia enfático que uísque era a melhor alternativa, deixava qualquer mente anestesiada e sem os males da ressaca do dia seguinte.

O outro, que havia vivenciado tal situação apenas uma vez, considerou a vodca, afinal, ninguém quer se lembrar do passado. Seria um porre amnésico, um desses por semana e logo tudo seria esquecido.

Restava o defensor da cerveja, que alegava ser a melhor para a situação porque demora a fazer efeito e, nesse tempo, a conversa com os amigos se torna mais valiosa, os conselhos mais sinceros e o orgulho mais solúvel.

Fato é que cada um tinha seu ponto, não tinha um que estivesse mais certo ou mais errado que o outro, afinal os efeitos sempre diferem em cada pessoa, e há de se levar em conta também o tamanho das dosagens. Assim como são as desilusões amorosas. Cada uma deixa rastros diferentes, bons ou ruins, memoráveis ou não, com intensidades diferentes e os efeitos e consequências são sempre inesperados.

A questão não é a bebida, mas que todo mundo um dia terá um porre. 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cada ano que passa, ela fica mais velha

Aniversário costumava ser mais legal quando a gente era criança, e a casa ficava cheia de gente, tínhamos festas temáticas, refrigerante, doces e um bolo todo decorado feito ou encomendado com todo carinho. Nossos pais tiravam fotos da gente assoprando as velinhas e a gente ganhava presente de todo mundo que ia em casa.
Com o passar do tempo, a gente vai crescendo e começa a comemorar o aniversário no bar, com apenas alguns amigos, e isso também é muito bom. Mas tem gente que não gosta tanto de comemorar a data. Prefere ficar sozinho e não faz questão de presentes ou visitas.

Cada um enxerga a data com a memória e o coração que tem. Pode significar um recomeço, um dia para estipular uma nova meta, um dia simplesmente para ser paparicado ou pode não significar nada. Entre os tantos significados e memórias sobre o aniversário, a gente sempre recebe um abraço de pessoas queridas e seus cumprimentos. Hoje é dia de cumprimentar uma pessoa que está ficando mais velha, e resolvi homenageá-la aqui.

Ela é minha amiga, é uma das pessoas mais emotivas que conheço. Suas atitudes são todas tomadas com o coração na frente da razão, e isso me assustava um pouco no começo. Agimos de forma totalmente contrárias. Aos poucos fui compreendendo melhor aquele jeitão único de ser, uma pessoa sem medo de ser feliz e sem medo de ser triste. Intensa. Verdadeira. Às vezes ingênua, sim. E teimosa. Mas a Tati tem uma coisa muito forte com ela: seu coração. Quando você a conhece, sabe quando ela está tristinha e quando está empolgada. Sua emotividade e espontaneidade não escondem, seu coração suspira e compassa nos tons de Marcelo Camelo, seu artista predileto. E por falar nele, me considero hoje um hermano de Tati. E sou grato por isso.
Aprendi com ela a não ter medo de ser quem se é, a não ligar tanto pros outros e, entre tantas conversas e cachaças, a rir alto no meio do bar, sem vergonha. Aprendi com a Tati o tanto quanto acho que lhe ensinei. E essa troca é o que fortalece nossa amizade.

Por isso, meus “parabéns” não vai só pelo seu dia, mas por sem quem você é! E o meu desejo não é só de abundância de saúde, paz, alegrias e sucesso, mas também de continuar essa amizade que nasceu tempos atrás, despretensiosamente. E assim, despretensiosamente, é essa minha homenagem a Tati. Feliz aniversário, muié!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O velho bolachão

Meu tio raramente vinha em casa. Nas poucas ocasiões, aproveitava para jogar conversa fora. Ele contava causos de sua adolescência, da ditadura, dos festivais, de como ele e meu pai davam um jeitinho de entrar no baile. Eram horas sentados na mesa - ele tomando cerveja, eu tomando refri.

Em uma dessas histórias, desandamos a falar de música. O papo ia de Gil, Caetano, Chico, Tom Zé, Mutantes até Beatles, Rolling Stones, Zeppelin, Hendrix, Clapton e por aí vai, a lista era extensa. Eu, curioso, fui atrás desses artistas todos, e ali surgia um novo olhar sobre cultura, sobre sensações, sobre sentimentos, enfim, sobre como a música me tocava.

Pouco tempo depois, recebi a notícia de que o tio falecera, e numa visita à sua casa, o seu filho mais velho, que devia se lembrar do meu encanto de pré-adolescente com as conversas que seu pai me proporcionava, veio me apresentar o acervo de vinis do velho. Era uma velharia das boas. Disse que seu pai ficaria feliz em deixá-los em minhas mãos. Senti-me um baita privilegiado.

E é assim que me sinto até hoje quando ouço a agulha riscar o bolachão preto, e me lembro das histórias na mesa. Um vinil não é só um vinil. Não é um velho bolachão. Não é só o som. Nem o cheiro de antiguidade. Um vinil é uma história. Do artista. Do dono. Do ouvinte. Do privilegiado. Da saudade.

(post dedicado ao tio Toninho)

domingo, 22 de janeiro de 2012

The Sims do fim de semana

O sujeito até é simples, mas insiste na pompa ao sair de casa. 20h07 em seu relógio caro multifuncional. Veste a peita vermelha gola V com um cavalinho no lado direito, a calça de 340 mangos e a botina com 3 listrinhas. Perfume importado no pescoço e nos punhos, pomada no cabelo, carteira no bolso com o cartão e a CNH, e pronto! Vestiu sua autoconfiança e agora não teme mais ser diferente ou rejeitado aonde quer que vá.

Seu amigo, que o esperava no carro, de chinelo branco e azul, camiseta branca e uma berma qualquer, fumava um cigarro que tinha filado de outro camarada. Só deu uma risadinha de canto, e foram para a casa do Maurício jogar videogame.

'Medo' de gente é uma merda.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Troca de olhares

Depois de quase uma hora no bar, percebi que ela me fitava intensamente. Era um olhar misto, meio provocação meio dúvida. Eu ainda não tinha reação, só observava os suaves movimentos de suas pálpebras, sentado na cadeira desajeitada, onde a conversa entre treze pessoas se entrelaçavam. Só consegui esboçar um sorriso leve, meio de canto. E aguardava o inesperado.

E assim ficamos, a nos olhar por extensos segundos, onde o tempo pareceu passar vagarosamente, como nos fazendo um favor, para que pudéssemos lembrar aquele momento, até que nos interromperam – o que você acha disso tudo? – perguntava o colega ao lado dela, já quase combatido pelo terceiro copo de limão espremido com três dedos de cachaça mineira e duas pedras de gelo, com um toque de açúcar refinado. Subitamente respondi – acho que devo tomar um ar, estou um tanto sufocado aqui. Você troca de lugar comigo? perguntei.

Não sei quantos dos treze entenderiam a intenção de me aproximar dela, mas isso não me preocupava. E então sentei-me. Já não ligava mais pra cadeira dura e mal desenhada, me importava agora a escolha das palavras ao me dirigir a ela. Mas ela adiantou-se em com ar de desconfiada e um leve tom irônico, e me perguntou – tomar um ar, né? Já está se sentindo melhor? e sorriu.

Pego de surpresa, eu não sabia o que responder, até que saiu – vou me sentir melhor se você aceitar sair daqui comigo.

Ao acordar com ela deitada sobre o meu peito, tive uma certeza: o olhar é uma arma misteriosa, mas sobretudo, muito poderosa.

Bom dia!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Quando as diferenças desaparecem (2)

Decidiu parar de frequentar o puteiro por um tempo. A economia com o uísque gastou em remédios para emagrecer. O preço da entrada, dois dias por semana, passou a ser gasto na academia. Só precisou da ajuda do pai para pagar a nutricionista, que lhe deu uma dieta rigorosa.

Mal sabia que rigoroso seria o destino. Por quase um ano seguiu tudo à risca. Perdeu muita banha, mas ganhou muita autoconfiança.  Até demais. Parecia um jovem normal, e passou a ser mais influente entre os amigos. Uns se afastaram, não agüentariam o ex-gordo botando banca pra cima dos sempre magros. Os que sobravam, passaram a ser escudeiros, aquele gordo virou exemplo. Era tanta auto-estima que não conseguia parar quieto. Queria recompensar o tempo perdido, e sempre tinha algo a fazer: praticar esportes, festas, viagens, e até encontros. Num dia qualquer, lembrou-se do passado, e daquelas noites de voyeur no puteiro sujo que praticamente separava o bairro nobre da periferia. Lembrou-se da puta, e de suas conversas.

Resolveu fazer uma visita. Agora ele era o endinheirado que acenaria pra alguma gostosa. Procurou por ela. Mas não sabia o que iria fazer - se queria apenas se exibir, orgulhoso de suas mudanças, e retomar sua conversa para tentar consumar seu antigo desejo, ou se queria apenas provar algo ao seu ego e ir embora, retomando sua nova vida.

Na dúvida, sentou-se no mesmo lugar habitual, olhou à sua volta, e sentiu saudades do gordo que tinha se perdido ali tempos atrás, que tinha valores, respeitava os outros, pensava nos outros. Estava perdido em seu caráter. Pediu uma água e chamou o gerente.
- Pois não, senhor? Loira, morena, ruiva, nenhuma o agradou?
- Estou apenas procurando uma morena, olhos castanhos claros, um pouco mais baixa que eu, usava muitos adereços, sempre com uma pulseira rosa-choque que sempre ficava comigo ali no canto nas sextas à noite.
- Não o reconheço, mas sei de quem está falando. Essa aí se perdeu no mundo, não trabalha mais aqui faz um tempo.

Virou o seu copo d’água e pediu um uísque. O garçom, com seus ouvidos afiados, disse saber do paradeiro da puta. Disse que ela tinha guardado uma boa grana, largou a vida na noite, começou a estudar e agora trabalhava de garçonete numa rede famosa de fast-food.

Endereço em mãos, no dia seguinte foi atrás dela, que também estava bem diferente, tinha mudado a cor dos cabelos e o corte, deu uma leve engordada por causa do café e do refrigerante de cola que a mantinham acordada para estudar e, claro, por trabalhar em uma rede de fast-food.

Na fila, ele já estava ansioso, e pescoçava por cima dos ombros na tentativa de encontrá-la. Na sua vez, descreveu a moça, pensou até em citar o puteiro, mas achou mais sensato ocultar. Fez várias perguntas, demorou a desistir, até que o caixa perguntou qual seria o seu pedido. Sem sucesso, pediu um suco de laranja sem açúcar enquanto ela, a ex-puta, fritava as batatas com cuidado, ali pertinho dele, mas tão distante, pensando em seus planos ao terminar os estudos.

Ele terminou o suco e voltou pra casa, não sabia mais o que fazer, já que ela devia usar outro nome, outra aparência. Ela terminou o expediente e, debruçada nos livros, lembrou do cara no caixa, fazendo tantas perguntas à sua colega, e deu risada, pois achou que o cliente estava ‘flertando’, coisa rotineira em sua antiga profissão.

No dia seguinte, retomaram seus cotidianos e tentaram, mais uma vez, esquecer o passado.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O café que não acaba


É estranho pensar que a gente se viu apenas uma vez, trocamos apenas algumas palavras. Até então uma garota inteligente, com personalidade forte e sábia organizadora das palavras.
Nas tímidas conversas, percebi o tom de individualidade, ela é reservada. Não gosta de sair muito, tem jeito de quem não bebe muito. Sua conversa é agradável, mas só a conheço das belas fotos de seu perfil e do discurso em seu blog.

Aquilo tudo me intrigava: as mulheres mais interessantes que já conheci estavam tão distantes. Pensei que seria capaz de mudar isso, e tentar novamente.

Comecei com um convite pra um café, não sei se acertei o tom, cafés soam formalidade demais. Ela mesma descontraiu e aceitou um suco. Menos mal, afinal ela já dava as pistas de que tinha entendido o meu recado. Quis deixar mais do que claro quando, após algumas tentativas fracassadas de um encontro, passei a usar o café entre aspas, e ela educadamente continuou a aceitar o convite.
Até então faltava apenas marcar a data e o local. Tarefa árdua. Talvez por isso começasse a fantasiar algo que não exista. Algo estranho que me confunde o que é real e o que estou inventando. Isso tudo teve início quando sonhei com ela pela primeira vez.

Eu sabia que era um sonho, mas meu desejo pedia para eu tomar alguma iniciativa para que aquilo se transformasse em realidade. Àquela altura, só conseguia tomar um gole de café, sozinho. No máximo, consegui contar a ela sobre o ocorrido. Ocultei alguns detalhes, obviamente, mas indiretamente estava ali, contando sobre o meu desejo. Ela já sabia, as mulheres não são tolas. 

Ainda não saímos das formalidades e das tentativas de se encontrar. Espero que desta vez eu não fique só com as palavras, e nem com a ilusão de que poderia ter acontecido algo. Esse tempo verbal não me agrada. Preciso ir logo tomar um café!

(escrito em 13/06/2011)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A importância das coisas


Falar de fogos de artifício, sete ondinhas, roupa branca ou qualquer outra coisa do tipo implica em falar de mudança, de renovação.

Antes de começar, 2011 foi pessoalmente um ano de aprendizado. Aprendi a lidar comigo mesmo e a lidar melhor com as pessoas. Esse aprendizado é bastante difícil, acreditem, e essa trilha apenas começou. Também foi o ano em que, profissionalmente, amadureci rodeado de pessoas que confiaram em minha capacidade e souberam mostrar minhas fraquezas de um jeito em que eu fiquei mais forte ao invés de desanimar. Com tudo isso, eu diria que minha alma e meu coração estão mais preparados para a vida, para viver de maneira mais completa e mais intensa.

Agora que acabou mais um ciclo, a gente tem aquela velha mania de listar o que foi bom, o que foi ruim, o que nos fez perder o fôlego, o que não fez nem cócegas. E nessas a gente se pega pensando no que realmente nos importa.

Família, amigos, trabalho, experiências, sensações, histórias – tudo o que nos dá sentido em estar onde estamos e fazendo o que estamos fazendo.

Comecei a me questionar sobre essas coisas, e não tenho outra saída senão AGRADECER.
Pela família que me acolhe e me conforta, e acima de tudo, me ama sem motivos.
Pelos amigos que ao ficarem do meu lado, não me deixam cair, me suportam e me incentivam.
Pelo trabalho que me afirma como cidadão, me dá dignidade e me recompensa pelo meu esforço.
Pelas experiências que vivo nos pequenos detalhes que fazem a vida ter mais graça.
Pelas sensações de frio na barriga, de aperto no coração, de falta de ar e tantas outras que me escancaram a beleza de viver plenamente.
Pelas histórias que tudo isso acima proporciona, fazendo sentido em dar o próximo passo e querer fazer o seu melhor para deixar uma marca memorável e marcante na vida de outras pessoas.

A cada dia eu tento não me perder na importância das coisas em que acredito. E você, já listou o que é importante pra 2012? E pra toda a sua vida? E pra cada dia e cada detalhe dela?