Se você não é dos que comenta, pelo menos já ouviu frases de julgamento ou gozação entre pessoas, digamos, diferentes. E nem é preciso ser muito diferente assim. Ainda hoje neste mundo globalizado, onde tudo circula de maneira absurdamente rápida e superficial, com tanta informação e diversidade, não é difícil encontrar pessoas olhando torto para você ou para aquele cara ‘esquisito’. Uma vírgula fora de lugar soa esquisito para quem gosta da língua.
Esquisito para mim é seguir uma sociedade com comportamentos padronizados, seguir modas e tendências sem ao menos se perguntar se você gosta daquilo. Esquisito para mim é chegar numa festa e ver que todos se vestem igual e dançam nos mesmos passos, pois quem o faz de outro jeito não está de acordo. Esquisito para mim é você estar numa festa onde as pessoas são o que são, estão ali porque gostam, e aquela conhecida esbarra em você e te pergunta: “nossa, você por aqui?” e quando eu digo que sempre gostei daquela música e daquele clima onde não há imposições de padrões a seguir, ela me responde que está achando tudo aquilo muito esquisito. Oras, esquisita é ela que está ali e nem sabe o que está acontecendo.
A impressão que se passa ao ver tamanha diversidade nas ruas metropolitanas é de que as pessoas estão assumindo mais suas identidades. Eu, por outro lado, vejo estas tribos como um desespero para encontrar uma identidade, mas quando outro mundo se abre, o olho automaticamente entorta.
O ser humano é plural e multifacetado, e isto, de uma maneira contraditória, é o que nos torna únicos. Por isso, esquisito mesmo é as pessoas acharem que são mais e melhores do que outras apenas porque elas são diferentes. Se dependermos desta involução, continuará pesado o fardo de ser, verdadeiramente, quem se é.