quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O fardo de ser quem se é


Se você não é dos que comenta, pelo menos já ouviu frases de julgamento ou gozação entre pessoas, digamos, diferentes. E nem é preciso ser muito diferente assim. Ainda hoje neste mundo globalizado, onde tudo circula de maneira absurdamente rápida e superficial, com tanta informação e diversidade, não é difícil encontrar pessoas olhando torto para você ou para aquele cara ‘esquisito’. Uma vírgula fora de lugar soa esquisito para quem gosta da língua.

Esquisito para mim é seguir uma sociedade com comportamentos padronizados, seguir modas e tendências sem ao menos se perguntar se você gosta daquilo. Esquisito para mim é chegar numa festa e ver que todos se vestem igual e dançam nos mesmos passos, pois quem o faz de outro jeito não está de acordo. Esquisito para mim é você estar numa festa onde as pessoas são o que são, estão ali porque gostam, e aquela conhecida esbarra em você e te pergunta: “nossa, você por aqui?” e quando eu digo que sempre gostei daquela música e daquele clima onde não há imposições de padrões a seguir, ela me responde que está achando tudo aquilo muito esquisito. Oras, esquisita é ela que está ali e nem sabe o que está acontecendo.
A impressão que se passa ao ver tamanha diversidade nas ruas metropolitanas é de que as pessoas estão assumindo mais suas identidades. Eu, por outro lado, vejo estas tribos como um desespero para encontrar uma identidade, mas quando outro mundo se abre, o olho automaticamente entorta. 

O ser humano é plural e multifacetado, e isto, de uma maneira contraditória, é o que nos torna únicos. Por isso, esquisito mesmo é as pessoas acharem que são mais e melhores do que outras apenas porque elas são diferentes. Se dependermos desta involução, continuará pesado o fardo de ser, verdadeiramente, quem se é.

4 comentários:

  1. Um ponto de vista muito interessante da sociedade, na qual estamos fardados a viver enquanto a grande maioria não conseguem enxergar este angulo.

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  2. Mandou muito bem Eduardo!
    Confesso que em uma parte do texto me imaginei na situação e me achei estranha.rsrs
    Pois muitas vezes nao me sinto bem em lugar nenhum por extamente achar que faço parte de alguma 'tribo".
    Nao gosto de ser apenas de um grupo,de ter apenas um estilo...enfim...parabens! Soube colocar muito bem a verdade (realidade) dos diversos grupos e "tipos" que gostam de julgar as pessoas.
    Cristina Oliveira

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  3. E sabe o que é mais engraçado!?
    É que isso é um ciclo que nunca acaba!!!

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  4. Concordo com tudo o que você falou, desde seguir as tendencias de modas ate a parte que mais gostei do seu post: "esquisita é ela que está ali e nem sabe o que está acontecendo"...
    Esquisito para mim são pessoas que precisam se basear em alguma coisa tanto para vestir como para comer, etc.Até parece um robô ou manequim de loja.
    E sinceramente, esse negocio de seguir moda, televisão, internet, nada nada acaba sendo uma lavagem cerebral, isso sim.
    Mas tenho esperança de que, no futuro bem próximo, ninguém mais precisará carregar o fardo de ser quem se é.

    Adorei Du...Beijos

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