terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quando as diferenças desaparecem


Ele estava lá, sentado na mesinha americana, tomando seu uísque adulterado, com seu velho óculos manchado, com uma camiseta que estampava um homem inteligente.

Ela estava lá, sentada ao lado dele, com brilhantinas e adereços que a enfeitavam, escondendo sua real personalidade.

Os dois, nitidamente, conseguiam expor suas individualidades naquele ambiente fétido e escuso, compactuando suas amarguras. Ser conivente era um conforto. Ele reclamava que ninguém sentia atração por ele, sentia-se útil apenas para pagar a bebida aos amigos. Ela, por sua vez, reclamava que era desejada por muitos, mas sentia-se inútil, pois sabia que a aurora anunciava o fim de toda essa atração.

Ninguém jamais havia demonstrado algum sentimento por eles que não o interesse. O apelo então era de serem verdadeiros um com o outro naqueles extensos minutos em que trocavam confidências, onde as diferenças desapareciam.

Mas logo outro endinheirado acenaria pra gostosa e o coitado ficaria sozinho com seu uísque adulterado. Os dias voltariam ao normal, onde ele continua gordo e ela, puta.

10 comentários:

  1. Mto bom, pensei que o desfecho seria romântico e você esculacho total, kkkkk....

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  2. Ele vai emagrecer? Quem sabe eles não acabem casando, né? Não é isso que geralmente tem acontecido nas últimas comédias românticas do cinema? Hahahahaha!

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  3. Uau Duuu, adorei o texto!!! Vou acompanhar sempre o blog! Sucesso!!!

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  4. Você como sempre....sendo realista.
    Adoro as suas verdades...."os dias voltariam ao norma,onde ele continua gordo e ela,puta."
    Gostei do texto...achei um pouco curto.Acredito que voce pode colocar um pouco mais de pimenta ai.Mas tenha certeza de que eu serei sua leitora numero 1! :D
    abraço.
    Cristina Oliveira.

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  5. Em se tratando de você, o ar de história do Chico seria mesmo inevitável. Texto muito bem escrito. Impregnado de uma melancolia atraente. Dá até pra ouvir de fundo um solo de saxofone.

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  6. Marco Radice20/12/11 12:12 PM

    To com o Felipe, voto pelo emagrecimento dele no próximo capítulo!

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  7. Muito boa a construção do texto, puxa pra dentro da história e da cena, desse diálogo quase sem palavras, mas que se impõe. Pois quando as pessoas entram em contato, talvez quem dialogue seja esse fardo que cada um carrega como existência (parte é escolha, mas tem um outro lado de imposição do mundo)... Mas curti ainda mais a maneira de descrever os dois personagens, em um ambiente a princípio tão hostil, surge algo humano na relação entre eles, de compreensão do outro e proximidade. Ainda que por um lapso curto de tempo. Me lembrou a flor do poeta que fura o asfalto e dá as caras, por pior que seja a situação. Parabéns pelo texto, já virei seu leitor!

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  8. Vc é O CARA!!! Adorei!!!
    Bjim da baixinha Ferzita!

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  9. auhauaau valeu Fezita e Koxa! espero que continuem acompanhando e participando... bjos!

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