sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Quem é você?

Esta pergunta simples é, para muita gente, uma das mais complicadas de responder. Uma frase, uma palavra, uma história – muita coisa pode representar aquilo que você é.

Fato é que somos muito mais complexos e cheios de surpresas do que pensamos. Já até citei por aqui sobre o fardo de ser quem se é, e nem sempre a gente acredita na força que temos ou que choramos por aquela coisa tão besta.

Em inúmeras madrugadas de olhos esbugalhados em cima de um papel branco, tentei transpor com a caneta aquilo que sentia, que almejava, que me deixava puto. No fim, escrever sempre foi alívio, senão da cabeça, do coração. No fim das contas, era só eu tentando enxergar um espelho naquela folha rabiscada.

Não estou em busca da resposta para a pergunta que fiz lá em cima, mas hoje parto mais uma vez em busca de mim, em um curso de autoconhecimento.


Ficarei oito dias fora do mundo digital, fora das telas, fora do alcance das pessoas que gosto, mas dentro de mim. Estou indo conhecer uma pessoa especial, e espero gostar dela... 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O dom de compor não nasceu comigo


O dom de compor não nasceu comigo
Parece castigo
Sempre ter algo a dizer
Sempre um querer divagar
Sempre algo

Parece imã invertido
que se separa ao se encontrar
quando o desejo vem, a palavra afasta
e o som que sai é ruído
entalado na garganta pronto para cantar
um desabafo, um sussurro ao pé do ouvido

Uma declaração disfarçada em compassos
que em passos tortos de uma dança sem ritmo
tropeça na ponta do lápis, e foge do papel

O dom de compor não nasceu comigo
Está no coração de amantes embriagados
na fantasia de infelizes, em poetas delirantes
no maestro soberano

Mas não posso reclamar
por mais que o dom de compor não tenha nascido comigo
agradeço pelo outro dom que me restou – o ouvido.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Você tem um e-mail não lido


Não sei por qual motivo, mas resolvi dar uma geral nos meus e-mails e fazer uma limpa. Dos mais atuais aos mais antigos, cheguei até 2004.

Aqui, vamos nos ater ao que interessa, aos e-mails com um único assunto: RELACIONAMENTO.

Achei de tudo nas mensagens: amor; ódio; ingenuidade; desilusão; indecisão; descobertas; exageros; hipérboles e ironias; jogo; e claro, consequências. Neste túnel do tempo, descobri algumas coisas:

1)   JÁ FUI UM CARA MAIS APAIXONADO E ROMÂNTICO DO QUE SOU HOJE
(diz a lenda que depois de cair a gente levanta mais forte, e se policia para não cometer os mesmos “erros”)

2)   JÁ GOSTEI DE VERDADE DE MAIS GAROTAS DO QUE EU IMAGINAVA
(no fim das contas, minha capacidade de amar é enorme - pena que meu medo de cair de novo também seja)

3)      JÁ FIZ MAL PARA MUITAS GAROTAS COM QUEM ME RELACIONEI
(já fui moleque. Afastei de mim, de propósito ou não, garotas que demonstravam gostar de verdade de quem eu era, e aí aquele tal medo entrava em cena e eu pulava fora)

Verdade é que, queira ou não, fica uma pontinha de curiosidade para saber se aquele último e-mail trocado tivesse outro final, como seria ele.

Mas com o tempo a gente aprende (ou pelo menos pensa que aprendeu).

Entre memórias, nostalgia e aprendizado, acredito que nada foi por acaso e, a cada e-mail trocado, vinham as memórias daquela época, que no fim das contas foram fundamentais para construir a experiência tão difícil (e sempre inacabada) de relacionar-se com outra pessoa.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Qual a verdade, afinal?

Está rolando certo rebuliço nesses dias sobre um vídeo em que George Galloway responde a pergunta de um estudante de Oxford sobre Hugo Chavez, sobre o Irã e sobre os direitos dos homossexuais. Antes de ler meus comentários, assistam:

 

Ok, agora talvez você esteja pensando “wow, o cara arregaçou o garoto” ou também pode estar pensando “poxa, o cara deu uma viajada nas respostas”.

Seja qual tenha sido sua reação ao vídeo, qual desses pensamentos acima você mais se identificou?

A questão é, antes do debate sobre esse vídeo especificamente, o quanto você estudou sobre as questões apontadas? Quais foram suas fontes? Quais os interesses ocultos de quem noticiou os “fatos” que você leu? Afunilando, quão bem você sabe quem é George Galloway?

E não estou insinuando aqui para que a gente vire Ph.D. em tudo o que é postado por aí... mas tem sido prática comum ver as pessoas expressando suas opiniões sem conhecimento de causa, ou sem embasamento teórico, ou sem qualquer tipo de contra-argumentação.

Eu nunca fui muito fã de política, mesmo sabendo de sua importância, então nunca me aprofundei em leituras, teorias, notícias, etc sobre o assunto. Dessa maneira, não me considero apto para apontar o dedo a um vencedor ou perdedor nesse debate. Assim como não estudei as inúmeras nuances e delicadezas dos outros temas que o vídeo envolve, e muito menos sabia quem era o tal de Galloway antes disso tudo. Por isso não me exponho sobre o assunto.

Mas o que mais me intrigou foram alguns comentários que li em outros sites e blogs que postaram esse conteúdo. Afinal, conhecer do que se fala demanda mais trabalho do que replicar conceitos simples. Quem pesquisa se cansa muito mais, para comprovar o óbvio aos ignorantes por opção . . . (essas duas últimas expressões não são palavras minhas, são exemplos dos comentários que li).

É natural que nossa reação primária a qualquer assunto esteja baseada em nosso mapa mental de nossas vivências, aprendizados, de nosso repertório. Assim como duas pessoas que encaram uma moeda frente a frente enxergam duas verdades diferentes, e nem por isso há quem esteja errado. 

Você está enxergando apenas o seu lado da moeda!

O ponto que eu pretendo chegar aqui com vocês é apenas o da reflexão sobre como estamos consumindo a informação e, talvez pior, compartilhando o que recebemos. Com o fácil acesso a uma avalanche de notícias, o “conhecimento limitado sobre tudo” embota a mente das pessoas e as faz vomitar opiniões, verdades (?), preconceitos e outras bobagens (mais um trecho que veio dos comentários de terceiros).

Já vi inúmeros exemplos parecidos com esse, e sempre fiquei encucado com a facilidade que as pessoas saem compartilhando e opinando sobre tudo o que aparece pela frente. Não que elas não possam. Foi um direito conquistado e isso é ótimo para amplificarmos os debates, o conhecimento e tudo mais...

Apenas reflita sobre o que você tem compartilhado ultimamente nas suas redes. Você compartilhou como reação ao que sentiu logo após a mensagem? Ou, antes, tentou se aprofundar no assunto, pelo menos por 10 minutos, e pesquisar algumas outras opiniões em outros lugares? Tentou enxergar além do óbvio no que está ali? Com tanta informação nos cercando, está fácil acreditar nas fontes mais populares e apertar um botão de indignação e revolta.

Talvez esse seja um dos males de nossos tempos – com o poder da palavra em mãos, todos viramos donos da verdade. Pense nisso!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dos amores que não tive, me resta a saudade


Depois de bastante tempo sem escrever por aqui, aos poucos vou voltando. Já estava com saudades do Word, das palavras, e do sentido disso tudo.

Com saudades também dos amores que não tive.
Saudades do jogo amistoso de conquista daquela pessoa que você julga difícil demais.
Da coragem do “oi” mesmo não tendo assunto para depois.
Do comentário sobre aquela música que você posta, e ela diz “nossa, esse som é demais...”
De conversar madrugadas afora e perceber que ela pensa como você, mas não em tudo.
Aliás, também sinto saudades das pequenas discussões amigáveis, onde um quer convencer o outro de que seu gosto ou opinião faz mais sentido.

Saudades de sentir.
Da ansiedade para o primeiro encontro.
Da bochecha avermelhada, do riso, do olhar, do primeiro beijo.
Da ansiedade pós primeiro encontro.
Sinto falta da falta de ar.

Da espera pela mensagem, do tom da voz a qualquer hora do dia ou da noite.
Saudades de não saber o que vem depois.
De não fazer sentido e continuar, ainda assim, querendo mais.
Sinto saudades da farsa de ser durão mesmo quando o coração já amoleceu.

De todas as saudades, a dos amores que não tive são as lembranças que me restam.
Para imaginar, aprender, sentir e, se um dia começar tudo de novo, matar essa saudade.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Estátuas à parte, dê minha pipoca e me deixe seguir em frente


Você já deve ter ouvido aquela expressão mais ou menos assim: “o milho que vira pipoca jamais volta a ser peruá”.

É uma frase bem aplicável e verdadeira, concorda? Faz-nos lembrar daquela - “a mente que se abre ao novo nunca volta ao seu tamanho original” – algo assim. Mas em raras ocasiões, é preciso descartá-las. Você também já deve ter conhecido pessoas que não aprendem com os erros, que insistem neles. Às vezes parece até de propósito, como uma provocação. Enfim, é difícil explicar quando a gente não consegue compreender por completo dadas situações.

Muitas vezes são essas pessoas que te escolhem para ser ouvinte de suas histórias. São elas que te pedem conselhos, são as mesmas que querem e precisam de uma mudança.

Acontece que aprender com o erro é reconhecer a necessidade de uma nova atitude. É estar preparado para a mudança. De nada adianta querer mudar se não está claro o porquê da mudança. E é aí que essas pessoas geralmente ficam paralisadas. Vide aquela outra expressão - “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”, ou ainda aquela mais famosa “se você continuar fazendo o que sempre faz, vai continuar obtendo o que sempre obteve”.

Frases, exemplos, conversas, conselhos, de tudo se tenta com esse tipo de gente. Não importa. Não adianta. Tem gente que precisa cair, se esfolar e levantar sozinha para ver se aprende. Pra uns até serve a lição, mas pra outros... não há merthiolate que cure o arranhão. Fazem igual aquela piada sem graça de português, que quando vê a banana em sua frente, pensa “oras, lá vou eu iscuregaire de novo”. 

Mas por que elas não conseguem andar pra frente!? Orgulho, medo, preguiça, teimosia, burrice... qualquer que seja o motivo, a essa altura você já sabe de cor as histórias e angústias dessas pessoas. O tanto que você ouviu foi o tanto que falou na tentativa de um chacoalhão. E uma hora cansa.

Piadinhas, frases de motivação, tentativas e diferenças à parte, esse tipo de gente irrita. Assim como o milho que não estoura, e vive para sempre milho.