quinta-feira, 9 de maio de 2013

O dom de compor não nasceu comigo


O dom de compor não nasceu comigo
Parece castigo
Sempre ter algo a dizer
Sempre um querer divagar
Sempre algo

Parece imã invertido
que se separa ao se encontrar
quando o desejo vem, a palavra afasta
e o som que sai é ruído
entalado na garganta pronto para cantar
um desabafo, um sussurro ao pé do ouvido

Uma declaração disfarçada em compassos
que em passos tortos de uma dança sem ritmo
tropeça na ponta do lápis, e foge do papel

O dom de compor não nasceu comigo
Está no coração de amantes embriagados
na fantasia de infelizes, em poetas delirantes
no maestro soberano

Mas não posso reclamar
por mais que o dom de compor não tenha nascido comigo
agradeço pelo outro dom que me restou – o ouvido.

Um comentário:

  1. Bem legal parceiro, realmente essa nossa necessidade de falar e fazer algo bom às vezes parece não morar em nossos corações, mas ela estará sempre presente lá no cantinho, em nossas almas.
    Um abração.

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